A felicidade é sutil

Todo mundo quer ser feliz.

Todo mundo, a todo custo, quer ser feliz.

Só que alguns pensam que vão em busca de felicidade, mas o que conseguem é um grande mal-estar no bolso, no estômago, porque a verdadeira felicidade é sutil.

As pessoas pensam que encontram a felicidade e podem se esbaldar com ela, e não é assim.

Suponha que você seja um cupecaketeiro.

Você faz cupcakes o dia todo, uma receita melhor que a outra.

Mas a sua felicidade não consiste em comer e degustar muitos cupcakes por dia. Isso lhe traria no mínimo complicações gastrointestinais e, com o tempo, talvez, acúmulo de açúcar no sangue e gorduras nas vísceras.

O quanto mais rápido você entender isso é melhor.

Então o segredo é ficar feliz porque você tem uma profissão, você sabe confeccionar lindos e apetitosos docinhos, pode vendê-los e comprar outros tipos de comida para comer no seu dia a dia, além de poder investir, aplicar, comprar outros bens, até os que não são comestíveis, com o dinheiro advindo dos seus quitutes.

E o que é bem importante também, você não deve amargurar-se por não poder comer os seus doces até chegar à indigestão.

Entretanto você pode preparar vez ou outra uma bandeja ou linda caixa repleta de seus doces, que você leva para casa e saboreia devagar e aos poucos, no aconchego do seu lar, com sua família.

Se você fizer isso, você entendeu o que é felicidade, porque a felicidade não está em comer o doce propriamente, mas em criar um ambiente próprio e aconchegante ao qual você leva a sua família, as pessoas que você ama, cria um clima e um tempo, para vocês comerem juntos.

Não que você precise necessariamente de companhia sempre, para ter momentos de genuína felicidade, não se trata disso.

Você gosta de comer muito?

Tony Robbins lhe diria talvez que também gosta, mas vai comer pouco de cada vez, para que possa comer muito.

Você está entendendo como a felicidade é sutil?

Não tente prorrogar os momentos que você considera felizes, porque você chega rápido à infelicidade e ainda dá algum vexame, ou faz algo de que depois se arrepende ou envergonha outras pessoas com o que faz ou diz.

Gosta de churrasco, cerveja, risada, descontração?

Faça um encontro rápido, ou, pelo menos, não estenda para mais de algumas horas o encontro; não encha os pratos e os copos seus e os das pessoas; deixe que elas saboreiem o momento.

Se precisar servir antiácidos depois, é porque alguma coisa deu errado ou alguém extrapolou e quis estender demais o momento feliz.

Já reparou que muitos não gostam de festas de fim de ano, reuniões de família ou se estressam mais do que se divertem, enquanto outros começam antes as comemorações e, na hora de celebrar mesmo, já não se aguentam mais, e os outros também não aguentam mais e queriam que tudo acabasse logo?

A verdadeira alegria é sutil e não tem banalidades.

Falando em comidas, muitos lugares famosos entenderam isso: propiciam-lhe um ambiente, um requinte, uma experiência, como dizem, e você vai com seu par, a família, os amigos e vivem um momento memorável e vocês dizem que um dia vão querer voltar.

Comem pouco, pagam caro, mas não é o preço da comida, é o valor da experiência, é o lugar, o ambiente, o encontro, o serviço da casa, o guardanapo, o som do ambiente, e você vai querer voltar.

Assim é na vida, meu caro, e o nome talvez seja agregar valor.

Comer o seu cupcake, o seu churrasco, tomar sua cerveja têm o seu valor, se você souber criar o clima, estar com as pessoas certas, saborear, mais do que tudo, o momento que você está vivendo com as pessoas que você escolhe para estarem com você.

Se você adora fazer pães, bolos, ama cozinhar, servir, faça, sirva pouco, coma pouco, saboreie o momento, permita que o outro saboreie o momento, a conversa agradável e queira voltar e lhe fazer companhia mais vezes.

E tudo na vida é assim.

É assim com sexo, viagens, passeios, compras, …

O valor de tudo está nas sutilezas, nos olhares, nas boas maneiras e conversas; esses momentos, sim, você os eterniza, você se lembra deles para sempre.

Mas não queira prorrogar muito, comer, beber muito, pois não é no exagero que mora a felicidade; a felicidade é sutil e deixa um gosto agradável na boca, na lembrança, no prazer de querer voltar.

E você talvez queira me perguntar se não se pode ser feliz por mais tempo.

Eu penso que pode. Você pode juntar muitos momentos felizes e viver uma vida em que se buscam valores mais altos, uma vida plena de boas conversas, bons pensamentos, uma vida que misture o ócio criativo e o lazer ao trabalho, uma vida com sentido e propósito sempre.

Você pode desenvolver-se em todas as áreas, fazer boas leituras, estudar com prazer, sair da mesmice e da zona de conforto em todos os setores de sua vida, querer aprimorar-se sempre, querer deixar sua marca, suas pegadas, sua contribuição no mundo.

Você pode ser feliz proporcionando a felicidade às pessoas.

Você pode ser feliz ensinando o que sabe, valorizando a vida, buscando e fornecendo coisas e valores que não passam, que não gastam ou se corroem com o tempo.

Você pode achar prazer até o último momento, porque se diz que até a morte é um dia que vale a pena viver.

Eu penso nisso tudo e procuro encontrar os raros prazeres que, agora começo a perceber, só quem busca e procura proporcionar tudo isso a si e ao outro pode encontrar.

Porque a felicidade é algo que parece que se deve repartir, para multiplicar.